O que é?
O autismo é uma doença complexa do desenvolvimento cerebral que se manifesta por volta dos dois a três anos de idade e que se prolonga por toda a vida, evoluindo com a idade. Esta doença caracteriza-se por uma profunda perturbação da capacidade de comunicar e de estabelecer relações sociais e afectivas com o meio, assim como por uma rigidez no pensamento e padrões de comportamento e interesses limitados e repetitivos.
Trata-se de uma doença que afecta quatro vezes mais os rapazes do que as raparigas. As causas do autismo ainda constituem um mistério. Todavia, estudos realizados ao longo dos anos associam a origem do autismo à existência de um factor genético multifactorial e a diversas causas orgânicas. Considera-se que é possível existirem factores hereditários com uma contribuição genética complexa e multidimensional, bem como alguns factores pré natais (exemplo da rubéola materna) e peri natais (como a prematuridade e o baixo peso ao nascer).
Características
Existem algumas características comuns nas pessoas autistas e que constituem critérios de diagnóstico do espectro. São elas:
· A dificuldade de estabelecer contacto com os olhos,
· Aparente surdez (desatenção) e inacessibilidade face às tentativas de comunicação por parte dos outros,
· A repetição abusiva de frases - ecolália
· A interrupção do desenvolvimento da linguagem – podendo mesmo dar-se a perda da linguagem.
· O agir como se não tivesse conhecimento do que acontece com os outros,
· O ataque a outras pessoas, mesmo que não existam motivos para isso,
· Não exploração do ambiente e fixação em poucas coisas,
· Gestos repetitivos como balançar as mãos, a cabeça ou o balançar-se,
· Cheirar, morder ou lamber os brinquedos e/ou roupas,
· Insensibilidade aos ferimentos e possibilidade de ferir-se intencionalmente
· Entre outros.
Quando começou a ser estudado?
O autismo foi identificado pela primeira vez no ano de 1943, pelo austríaco Leo Kanner. Contudo, só em 1961 foi realizado o primeiro estudo com crianças autistas, por Ferster & DeMyer.
Vinte e seis anos depois surge a primeira grande obra sobre o espectro autista assinada por Lovaas. Todavia, a grande contribuição de Lovaas para o tratamento do autismo dá-se em 1989 e incide num estudo que privilegiou um método de intervenção comportamental. Lovaas aplicou a análise comportamental a crianças autistas – método que é hoje conhecido como ABA -, através de intervenções intensivas de 40 horas por semana.
Em 1993 surge uma outra obra dedicada ao autismo, desta vez por uma mãe que tinha dois filhos diagnosticados com o espectro autista. Catherine Maurice utilizou a análise comportamental aplicada de Lovaas para ajudar a corrigir a doença dos seus filhos. Conseguido o objectivo, Catherine escreveu um livro sobre o assunto, intitulado “Let Me Hear Your Voice – a family’s triumph over autism” e que permitiu a divulgação do método ABA no tratamento do espectro do autismo.
Situação actual
Segundo dados avançados pelas autoridades de saúde norte-americanas, actualmente um em cada 150 jovens nos EUA sofre de algum tipo de autismo.
Já em Portugal estipula-se que para uma população de 10 mil pessoas existam dez com autismo. Na mesma população há cerca de 30 pessoas com perturbações globais do desenvolvimento no quadro do autismo.